Dando sequência a questão levantada na edição passada por comunidades lituanas, que afirmaram que o projeto de tematização da Vila Zelina como bairro do Leste Europeu estaria diminuindo a importância dos lituanos na formação do bairro, a Folha recebeu nesta semana uma comitiva de moradores da Vila Zelina, de diversas descendências, inclusive lituanos, que não concordam com o protesto.
Victor Gers Jr., presidente da Associação dos Moradores e Comerciantes do Bairro de Vila Zelina (AMOVIZA), autora do projeto, ressaltou diversas vezes que o objetivo é promover a união e não a discórdia. “As comunidades do Leste Europeu já são tão minoritárias em comparação aos italianos e japoneses, por exemplo, então, é importante a união para conseguir fazer uma coisa bonita”, pede Gers. “No mundo não existe um bairro como a Vila Zelina”, completa.
Ele explicou ainda que a AMOVIZA foi criada com a finalidade de agregar todas essas comunidades que além da Vila Zelina, estão nos bairros vizinhos da Vila Bela, Vila Alpina, Quintas das Paineiras e outros. “Não quero competir com outras entidades já existentes”, afirmou.
Sobre o principal protesto das comunidades lituanas, um calendário de 2013 que não fez alusão específica a algumas construções lituanas, como a Paróquia de São José, Gers explicou que ocorreram outros erros que também atingiram outras nacionalidades. “Voluntário é um ser extinto hoje em dia, infelizmente, esta primeira remessa do calendário foi feita às pressas e com pouca ajuda, o que realmente resultou em alguns erros, não apenas em relação aos lituanos. Mas, nada foi intencional ou por vontade de excluir um determinado grupo”, explica o presidente da AMOVIZA que enfatizou ainda que nunca propôs orelhões em formato de Matrioshkas (bonecas russas) no Largo de Vila Zelina.
Victor Gers que estava acompanhado de Antônio Viotto Neto, Joana Satkunas, Adriana Satkunas, Arnaldo Polgrymas e Marcos José de França, além da moradora mais antiga da Vila Zelina, Elena Tumenas, de 88 anos. Todos reconheceram a importância da comunidade lituana na Vila Zelina, mas, ressaltaram que a história do bairro não pode se confundir com a fundação da Paróquia de São José. “Outras igrejas começaram a ser construídas na mesma época, inclusive ortodoxas e batistas”, comenta Viotto que recomendou que o grupo insatisfeito passe a participar das reuniões mensais da AMOVIZA, onde o projeto de tematização é quase sempre um dos assuntos abordados.
Elena Tumenas, descendente de russos e que chegou à Vila Zelina com quatro anos de idade, narrou toda a história da família no bairro. “Meu tio, Carlos Corkisko, foi quem vendeu os primeiros lotes de terrenos para os imigrantes do Leste Europeu. Foi ele inclusive que conseguiu que o dono das terras doasse um lote para a construção da igreja de São José”, conta Elena que é viúva de um lituano. “Todos os povos que aqui chegaram sempre foram unidos”.
“A Vila Zelina é de todos nós”