A forte chuva que caiu sobre São Paulo em 18 de fevereiro causou muitos danos na Mooca, derrubando, inclusive, parte das tribunas do estádio do Juventus na rua Javari. Entretanto, passadas três semanas do ocorrido, a maioria dos locais afetados já foi reparado. Mas, não é o que acontece com o antigo terreno de 120 mil m² que foi utilizado por seis décadas pela multinacional Esso como depósito de combustíveis, entre as ruas Barão de Monte Santo e Vitoantônio Del Vechio. Durante o temporal, o muro do espaço desabou em dois pontos e ainda não foi consertado.
“A situação está perigosa. A parte que caiu na Vitoantônio Del Vechio levou a calçada junto e uma enorme cratera se formou. Já na Barão de Monte Santo, as placas de ferro que caíram estão na pista. Dizem que o terreno está em processo de descontaminação, mas nunca vejo ninguém por lá. E com a queda do muro ficou provado que não estão observando a área, senão já tinham arrumado”, afirma a moradora de um prédio vizinho, Solange Carbotti Silva.
Quem também reclama da situação é Carlos Figueiredo. “Como morador da Mooca, passo em frente deste terreno todos os dias e sei o quanto é perigoso o local ficar exposto a invasões de moradores de rua e ao descarte ilegal de lixo e entulho”, destaca Figueiredo.
Para a comerciante Ursula Tashinaga Dias, o problema maior é na rua Vitoantônio Del Vechio. “A via não é muito movimentada, mas, sem calçada, a vida do pedestre fica prejudicada. Ainda mais de noite, já que a rua é bastante escura. Alguém pode ser atropelado. Fora que já jogaram até um sofá no terreno desde que esses muros desabaram”, completa Ursula.
O terreno oficialmente é de propriedade da empresa Cosan, que comprou os direitos do grupo Esso no Brasil, mas, para a área é pleiteada a construção de um parque público, já que a Mooca é uma das regiões da cidade com menos área verde, cerca de 0,35 metros quadrados por habitante. Tramita na Câmara o projeto do vereador Adilson Amadeu (PTB) e do ex-vereador Domingos Dissei (PSD), que prevê a destinação de 48 mil m² da área para a criação de um parque.
Por conta dos combustíveis depositados no solo ao longo de décadas, a área está passando por um processo de descontaminação supervisionado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que informou em janeiro à Folha que este trabalho encontra-se na fase de monitoramento da qualidade das águas subterrâneas, sem prazo para término.
A reportagem questionou a Cosan e a Subprefeitura Mooca sobre o problema nos muros, mas ninguém respondeu até o fechamento desta edição.