Moradores da Vila Prudente criticam as constantes quedas de energia

O problema vem se tornando comum. Basta uma chuva atingir a região para que residências da Vila Prudente fiquem horas sem luz. Uma das vias que sofre com o problema é a rua Pitinga, que, segundo os moradores, permaneceu por cerca de quatro dias com quedas constantes de energia elétrica na semana passada. Eles relatam que os apagões não acontecem apenas durante as chuvas. 

“Há mais de seis anos vivemos com este problema de falta de energia semanalmente. Somente na semana passada ficamos quatro dias com falhas no fornecimento de luz e em algumas ocasiões a interrupção durou mais de seis horas. No dia 21, a energia caiu e voltou seis vezes. Isto é um absurdo. É muita falta de competência. Aparelhos queimam, trabalhos e arquivos são perdidos, e quem paga essa conta?”, comenta o morador Ricardo Lanzoni.

Quem também critica a situação é o dono de um bar na via, José Roque Santos. “O problema acontece frequentemente. Na semana passada chegamos a ficar oito horas sem luz. Não tive prejuízo com a perda de produtos, mas quando a energia cai tenho que fechar o meu comércio mais cedo. Essa situação ocorre há anos”, ressalta.

Já para o morador de um prédio da via, Guilherme Cunha, o caso deveria ser investigado pelo Ministério Público. “Não é só a rua Pitinga que sofre com a falta de energia. A situação se repete por toda a Vila Prudente. O curioso é que a Eletropaulo parece não dar atenção para o problema, já que o caso acontece há anos e ninguém faz nada. Os moradores estão de mãos atadas, pagamos a conta de luz mais cara do mundo e não recebemos um serviço de qualidade. Cadê a Prefeitura e o Governo que não fiscalizam isso? A única esperança é que o Ministério Público investigue o problema de energia elétrica na cidade e tome uma atitude”, completa.

Quinta das Paineiras

As constantes faltas de luz também tiram o sono dos moradores da Quinta das Paineras, no distrito de Vila Prudente. Residentes das ruas Poá e Reginópolis há anos entram em contato com a Folha reclamando da situação, mas, o problema não é resolvido, pelo contrário, só aumenta.

“De que serviu a manutenção que a Eletropaulo fez na região, trocando postes, fiação e transformadores? Agora está pior que antes. Não ficava essa brincadeira de apaga e acende. No dia 21, quando não choveu, o bairro ficou sem luz das 7h30 às 10h15. A luz voltou, mas, minutos depois voltou a cair. E foi assim o dia inteiro, voltava e logo depois acabava. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) tinha que tomar alguma providência contra a Eletropaulo, do jeito que está não dá”, ressalta a moradora do bairro que se identificou apenas como Celina.

Para Cristiane Siqueira Campos, que reside na rua Poá, a vizinhança já perdeu as esperanças de que a situação seja resolvida. “A falta de luz aqui e nas ruas próximas acontece há anos. Já cansamos de reclamar. Toda vez que a energia cai, ligamos na empresa e dão um prazo para a solução, que também não é cumprido. Nós, moradores da Quinta das Paineiras, já nos conformamos com o problema. Não acredito que essa situação acabe um dia”, destaca.

A AES Eletropaulo ressaltou que na rua Pitinga, ao longo deste ano, foram registrados sete desligamentos de energia, sendo que dois estão relacionados à falhas em equipamentos, um por queda de árvores e um por defeito transitório, quando não é identificado o que ocasionou o desligamento. A nota afirma ainda que um dos desligamentos, com a volta da energia na sequência, aconteceu em decorrência de um serviço da empresa para alimentar circuitos próximos que estavam sem energia e assim minimizar os impactos de desligamentos.

Já sobre a Quinta das Paineiras, a Eletropaulo alegou que em 2013 foram registradas quatro ocorrências, sendo duas por conta de quedas de árvores e as outras causadas por dano a um poste da concessionária e por defeito transitório.

Vias da Vila Ema ficam sem luz por mais de 24 horas

O temporal do último dia 18, que alagou a avenida Anhaia Mello e derrubou árvores por toda a cidade, também acarretou a queda de energia por bairros da região. Um dos locais que sofreu com o problema foi nas proximidades da praça Ema Nothman, na Vila Ema, gerando prejuízo para moradores e comerciantes, que ficaram 27 horas sem luz em seus imóveis. Segundo eles, o problema aconteceu pela falta de poda das árvores da área verde, que estão encostadas na fiação.

“No temporal do dia 18 ficamos mais de um dia sem luz. Os galhos das árvores estão próximos dos fios de energia elétrica. E, quando chove, o galho encosta na fiação que explode. Não foi a primeira vez que isso aconteceu e a Prefeitura e a Eletropaulo não resolvem a situação”, afirma o morador da rua Francisco José da Cruz, Miguel Perez.

A falta de luz também causou transtornos financeiros para os comerciantes da região. “Trabalho com carnes que devem ficar resfriadas o tempo inteiro. Ficamos 27 horas sem luz e com isso perdi mercadoria. O pior é que ligávamos na Eletropaulo e a cada hora aumentavam o prazo para a volta da energia. E se ninguém fizer a poda correta dessas árvores, tirando os galhos da fiação, o problema vai voltar a acontecer”, comenta o proprietário do açougue localizado em frente à praça, Luiz Arlindo.

Quem também teve prejuízo foi o dono de uma lanchonete próxima, Domingos Miguel Prado. “A carne moída que utilizamos teve que ser jogada fora, já que ficamos sem energia nos dias 18 e 19. Também perdemos fregueses, já que sem luz não dá para trabalhar direito. Essa situação tem que ser resolvida logo, antes que fiquemos novamente sem energia e o prejuízo aumente”, completa.

A AES Eletropaulo ressaltou que neste ano foram registradas três ocorrências na área, sendo uma por falha em equipamento e duas por queda de galhos de árvore na rede da concessionária.

Já a Subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba informou que não há pedidos de poda feitos pela população para o local. De acordo com o órgão, a última solicitação foi realizada no dia 11 de agosto de 2011 e executada no dia 20 de fevereiro de 2012. Para finalizar, foi destacado que a Eletropaulo tem autonomia de podar os galhos que estão causando desligamento de energia na região, sem a necessidade de prévia autorização da Prefeitura.