O problema é antigo: quem utiliza a calçada da avenida Anhaia Mello, entre a avenida Francisco Falconi e a rua Miguel de Araújo Barreto, no Jardim Avelino, tem que tomar cuidado e torcer para não ser assaltado. Há cerca de cinco anos existia um terreno baldio no trecho, que servia de abrigo para os criminosos. Agora, no local há um grande condomínio de edifícios residenciais, mas, como a entrada dos prédios ocorre pela rua José Gonçalves Galeão, o problema da insegurança no trecho continua por causa da iluminação precária.
“Antes, sempre aconteciam assaltos porque os bandidos pulavam o muro já em cima do pedestre. Eles ficavam escondidos, só esperando alguém passar para roubar. Com o prédio eles perderam o lugar para se esconder, mas como de noite o trecho é muito escuro e têm árvores, os criminosos aproveitam para continuar roubando os pedestres”, comenta o porteiro de um prédio na Vila Zelina, que passa pelo local diariamente, Heitor Ribas Castro.
Quem também reclama da situação é a empregada doméstica Carla Nunes dos Santos. “Ando todo dia por aqui, mas, quando saio tarde do serviço prefiro andar mais e fazer outro caminho. É muito perigoso. O problema é que na avenida também não há outra alternativa para o pedestre no trecho, já que fica próximo ao viaduto, onde não tem passagem de transeunte. Precisavam melhorar a iluminação e aumentar o policiamento”, ressalta.
Roubo e prisão
Um dos casos de violência no trecho aconteceu no último dia 22, por volta das 21h, quando dois homens levaram a bolsa de uma mulher. Na sequência, correram para o canteiro de obras do monotrilho, na parte central da avenida. O que eles não contavam é que um investigador da Polícia Civil passava com a família de carro pela via exatamente no momento do crime. Ele pediu para a esposa acionar a polícia pelo telefone e seguiu a pé atrás dos assaltantes, conseguindo prender um deles ainda no canteiro de obras. O outro conseguiu fugiu atravessando a avenida sentido ao bairro da Vila Ema.
A Polícia Militar chegou ao local e encaminhou Marcos Oliveira Dorta, de 29 anos, para o 56º Distrito Policial – Vila Alpina, onde foi preso em flagrante por roubo. O homem estava com a bolsa e os pertences da vítima. A arma que teria sido usada no crime não foi encontrada. O detido já tinha antecedentes criminais.
O 21º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento no trecho, informou que em pesquisa realizada não existem casos registradas no local, sendo que o endereço consta no itinerário das viaturas. O Batalhão ressaltou ainda que a vítima de crimes deve registrar a ocorrência para que haja intensificação de policiamento em um determinado local.
A reportagem questionou e o Departamento de Iluminação Pública (Ilume) sobre a falta de iluminação no trecho, mas o órgão não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Efeitos da gentrificação e do atual padrão de verticalização.
Essa calçada é adjacente ao maior empreendimento residencial do Jd. Avelino, que tem torres enormes “de costas” pra avenida e um muro bem alto o separando dela. A calçada é larga e arborizada, porém deserta e sem vigilância alguma: nem a “oficial”, feita pela força pública – nem a vigilância natural que existe quando há movimento constante de pessoas ou “frentes” de moradias e estabelecimentos comerciais voltados pra rua.
As ruas internas do Jd. Avelino só não sofrem do mesmo mal porque ainda há muitos sobrados virados para a rua, que resistiram ao avanço dos empreendimentos murados que apenas degradam seu entorno – e porque há algum comércio de rua, portanto, maior movimento de pedestres nas calçadas.
Estamos vendo o auge de um padrão de vida em que pessoas “privilegiadas” moram em empreendimentos murados e compram em shopping centers. Os lugares que ficam fora desse mundo encantado tendem a degradar-se cada vez mais.