ZONA AZUL: sobram queixas sobre o sistema na Vila Prudente

Com a chegada do Metrô e as obras do monotrilho gerando interdições na avenida Anhaia Mello, as principais vias da Vila Prudente, como a Ibitirama e a rua do Orfanato, passaram a receber grande tráfego de veículos, além de servirem de estacionamento para os usuários do transporte público. Com isso, a CET proibiu a parada de veículos em algumas vias. A situação gerou revolta dos comerciantes, principalmente dos que possuem lojas na rua do Orfanato. Como alternativa, o órgão de trânsito implantou a Zona Azul na região em dezembro de 2010. Porém, o sistema também não agradou a população local.

“Foi uma experiência trágica. Na época apenas cogitava-se a possibilidade de implantação, mas, de um dia para o outro, foram colocadas as placas e a Zona Azul começou a funcionar. Depois disso, o movimento nas lojas caiu mais de 80%. Clientes pararam de vir ao comércio local, para não ter que pagar o estacionamento”, explicou a presidente da Associação dos Lojistas da Vila Prudente (Alovip), Tânia Fiorentino, que na terça-feira, dia 29, participou da reunião da Amoviza com a CET para discutir a implantação do sistema na Vila Zelina ( ZONA AZUL: em audiência com a CET, comunidade rejeita restrição na Vila Zelina).

Entretanto, a principal reclamação de moradores e comerciantes é quanto à falta de fiscalização do sistema. “Ter ou não ter a Zona Azul não muda nada. Os motoristas continuam estacionando o tempo que bem entendem, sem o talão, e ninguém aparece para fiscalizar”, comenta Tânia.

Quem concorda com o desrespeitado por causa da falta de fiscalização é a funcionária pública Denise Ferraz Dias: “De que adianta impor uma restrição se não tem agentes para multar quem desobedece? Continua do mesmo jeito. O pessoal para o carro ao longo da Orfanato sem comprar a folha da Zona Azul e ninguém faz nada”.

Outro problema é achar as folhas de Zona Azul. “Em outros locais tem gente vendendo na rua. Aqui na Vila Prudente é difícil achar um estabelecimento que venda o talão. Então é melhor entrar na loja e comprar logo o que precisamos e ir embora, do que perder um grande tempo procurando a folha. O risco de ser multado é o mesmo”, ressalta Cláudia Martins, que faz compras na rua do Orfanato.

Durante os últimos 15 dias a reportagem percorreu as ruas que possuem a restrição no bairro e não encontrou agentes da CET fiscalizando. Também constatou que a maioria dos carros estacionados não tinha a folha de Zona Azul.

A CET não se pronunciou até o fechamento desta matéria.

Restrição é elogiada em São Caetano

Já no município vizinho de São Caetano do Sul, o sistema agrada a população. Na cidade é chamado de “Estacionamento Rotativo Pago”. Os elogios giram em torno da facilidade na compra dos talonários e na forte fiscalização. “A cidade já não suporta mais tantos moradores e cada vez mais é difícil achar uma vaga para estacionar. Então a rotatividade ajuda e muito quem quer ir ao comércio. Ainda mais que sempre tem uma vendedora próxima e quando você para o carro, já vem do seu lado para oferecer a folha”, comenta a comerciante da rua Manuel Coelho, Kelly Cristine Silveira, que ressalta ainda a importância da fiscalização para o sistema funcionar. “O ABC é conhecido por suas multas, mas, na verdade, as autuações só ocorrem quando há desrespeito. E é assim com o Estacionamento Rotativo também. Os agentes de trânsito passam toda hora para garantir que ninguém está estacionado de forma irregular”.

Já para o dono de um restaurante da avenida Goiás, Flávio Rodrigues, o sistema precisa de um tempo de adaptação. “No começo da restrição em São Caetano também havia muitas reclamações e desrespeito. Mas com a fiscalização atuante e a conscientização da população, o Estacionamento Rotativo já se tornou um costume”, completa Rodrigues.