Há cerca de dois meses, em visita as obras de construção da estação Oratório do monotrilho, o então presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, Sergio Avelleda (substituído no último dia 4, por José Kalil Neto), informou que o projeto básico da criação da Linha 15 – Branca estava em fase final e que no segundo semestre seria dado o início do processo de licitação para as obras, que devem começar em 2013. Nesta semana, o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ divulgou matéria traçando os locais por onde deve passar o novo ramal e também a localização das estações da Linha 15, cujo prazo de conclusão é em 2025. De acordo com o jornal, cerca de 400 imóveis serão desapropriados ao longo do trajeto que ligará a Vila Prudente à via Dutra. No entanto, questionado pela Folha, o Metrô negou na última quarta-feira, dia 11, que estes pontos já estejam definidos.
A Companhia do Metropolitano afirmou que o projeto básico da Linha 15 está em desenvolvimento e em fase de determinação das reais áreas de desapropriação, não sendo possível precisá-las no momento. Foi ressaltado ainda que as notificações de desapropriações serão encaminhadas aos proprietários dos imóveis somente após publicação do decreto de utilidade pública pelo Governo do Estado.
Doze estações
De acordo com publicação do Estadão, que afirmou ter tido acesso ao mapa das desapropriações e ao traçado definitivo da linha que sairá da parada Vila Prudente (Linha 2 – Verde), as estações serão: Orfanato, Água Rasa, Anália Franco, Vila Formosa, Guilherme Giorgi, Nova Manchester, Aricanduva, Penha, Penha de França, Tiquatira, Paulo Freire e Dutra.
Ainda segundo infográfico publicado junto com a matéria, a futura linha, que será totalmente subterrânea, sairá da estação Vila Prudente, sentido rua Cananéia, cruzaria a avenida Salim Farah Maluf, até a avenida Adutora do Rio Claro. A partir deste trecho, o transporte seguiria para o Anália Franco, percorrendo as proximidades da rua Engenheiro Cestari. Neste trajeto serão construídas as estações Orfanato, Água Rasa e Anália Franco, nesta última área o jornal alega inclusive que o shopping instalado no bairro perderia parte de sua área verde e o que o trecho que será desapropriado inclui ainda outros comércios e residências.
População apreensiva
Nesta semana a reportagem da Folha conversou com moradores das vias que supostamente estarão no traçado da Linha 15 e percebeu que a demora na definição do projeto gera preocupações a todos que residem ou trabalham na área. “Moro na Cananéia há 30 anos e desde que o Metrô começou a fazer as perfurações para estudo do solo da via, estou vivendo com incertezas. Cada um fala uma coisa e não chega nada de oficial. Não sabemos o que pode acontecer. Se vou ser desapropriada ou não. Já tenho certa idade e tenho medo de ser pega de surpresa. De ter que sair da minha casa às pressas e não ter como organizar uma mudança ou de achar outro local para morar”, ressaltou a moradora Y. N.
Em outras vias o Metrô entregou cartas informativas sobre a análise do solo e de possíveis vistorias técnicas nos imóveis, o que também provoca preocupação. “Eles me entregaram a carta e tempo depois entraram no meu comércio e tiraram fotos das estruturas do imóvel. Porém, me falaram que isso era apenas para a constatação de possíveis rachaduras, já que a linha passaria sob o terreno. Mas, como ainda estão em fase de estudos, tenho medo de que possa ser desapropriado. Tenho este ponto há 12 anos e minha clientela, além de ter ótima localização”, explica José Castro, dono de uma serralheria na avenida Abel Ferreira, próxima à rua Engenheiro Cestari.
Quem vive a mesma situação, só que aparenta estar mais tranquilo, é o proprietário de uma loja de autopeças há 17 anos na avenida Adutora do Rio Claro. “Falam há anos dessa linha do Metrô, mas nada certo ainda. Recebi a carta e estudaram o solo. Se tiver que sair, vou sair, não tenho o que fazer. E vejo a chegada do Metrô de forma positiva. Vai ajudar muita gente e valorizar a região”, completa Bruno Guerriero.