Mais de 300 pessoas lotaram o salão nobre do Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente na noite de ontem para acompanhar o encontro de um dos pré-candidatos à Prefeitura pelo PSDB, José Serra, com as lideranças do partido, representantes de diretórios e militantes da Vila Prudente, Mooca, Tatuapé, Vila Formosa, Sapopemba e arredores. Esta rotina tem sido frequente em vários pontos da cidade desde o adiamento das prévias para 25 de março, justamente por contra da entrada de Serra na disputa. Antes de encerrar o evento, ele pediu o voto dos militantes. Depois, em entrevista à Folha, garantiu que está plenamente confiante na vitória.
Inicialmente agendadas para 4 de março, as prévias seriam disputadas pelos secretários estaduais Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli. Os dois primeiros desistiram assim que Serra confirmou o desejo de concorrer mais uma vez à Prefeitura. Aníbal e Trípoli seguem na disputa.
Bem humorado, logo no início do seu discurso, o pré-candidato afirmou que estava se “sentindo em casa”. Nascido na Mooca, onde viveu durante toda a infância, contou que conheceu a Vila Prudente de bicicleta e que jogou futebol nos campos da região. Depois lembrou que como governador trouxe o Metrô para o bairro. Serra expôs ainda outras realizações como prefeito e governador, entre elas a criação do museu de ciência e tecnologia Catavento, no Palácio das Indústrias, que também já serviu de sede para Prefeitura.
Serra também apresentou algumas das propostas para governar a cidade. Defendeu sobretudo os “4 Ps”: de Parceria (com o Governo do Estado), Planejamento, Prioridade e Prestação de Contas. “Quando entrei na Prefeitura, a marca do governo anterior era um túnel nos Jardins que termina em um farol. Prova de falta de planejamento, apesar de ser uma coisa inusitada”, afirmou arrancando risos dos presentes. “Temos que ficar atentos, pois quem não tem o que mostrar, só vai tentar polemizar”, alertou aos militantes.
Outro desafio do político, caso se efetive como o candidato do PSDB, é convencer o eleitorado paulistano de que não abandonará o mandato. Eleito prefeito em 2004 deixou o cargo em 2006 para concorrer ao Governo do Estado. Venceu as eleições no primeiro turno, mas também não levou o mandato até o final, porque se candidatou à Presidência da República em 2010. Sobre isso ele conversou com a Folha no final do evento e respondeu a pergunta com tranqüilidade. Acompanhe:
Folha – O senhor definiu o encontro de hoje como uma reunião de trabalho. Está satisfeito com a ampla participação da militância?
José Serra – Hoje nos encontramos com os diretórios da chamada Zona Leste I para debater as propostas da campanha e também fazer a mobilização para as prévias no dia 25, que vai definir quem será o candidato do PSDB. Estou plenamente confiante que vencerei.
Folha – Como o senhor pretende convencer o eleitorado paulistano de que se eleito prefeito, cumprirá o mandato até o final?
José Serra – Estou me candidatando para ser prefeito por quatro anos. Eu não desisti da Prefeitura, mas havia um plano maior do partido para o Governo do Estado, que também é essencial para cidade. Se eu não fosse o candidato naquele momento, o estado poderia ter ido para as mãos de pessoas que não estavam preparadas, que não fariam o trabalho direito no Governo do Estado e nem as coisas que a cidade precisava. E uma prova de que o eleitorado entendeu isso, é que me elegi governador no primeiro turno. Inclusive ganhei a eleição de governador aqui na cidade de São Paulo. E o meu sucessor na Prefeitura, Gilberto Kassab, se reelegeu. Eu fui o governador que mais fez coisas para a cidade de São Paulo em toda a história.
Folha – Na sua passagem pela Prefeitura, as subprefeituras eram ativas, com pessoas bastante dinâmicas como subprefeitos. A população reclama muito da situação atual das subprefeituras. Caso volte a ser prefeito, o senhor vai adotar o antigo modelo?
José Serra – Não sei se esta situação (de descontentamento da população) acontece em toda a cidade ou apenas em algumas regiões, mas, de qualquer forma vou retomar o dinamismo, é o meu estilo. Trabalho acelerado.