Possível privatização de parque divide opiniões

Desde o anúncio da Prefeitura de que o Parque de Vila Prudente pode ser privatizado, caso apareçam propostas de empresas interessadas em assumir a manutenção do espaço, o assunto ganhou destaque na região e divide opiniões.

O ex-secretário do Verde e Meio Ambiente, Adriano Diogo (PT), responsável pela implantação do parque em dezembro de 2004, acha que a proposta é um brutal retrocesso na política da cidade. “Concedido à iniciativa privada, o espaço passará a ter que dar lucro e os interesses ambientais e dos usuários não serão mais colocados em primeiro plano. Pode inclusive provocar mudança de uso, descaracterizando de área verde e acarretar danos à fauna e a flora. O novo dono pode resolver fazer shows de rock no local, por exemplo”, adverte Diogo que acredita ainda que o prefeito João Doria (PSDB) atropelou todo o processo. “Ele não está negociando uma área dele, são patrimônios da cidade, o Ibirapuera (também na lista) é tombado por todas as instâncias, tem vários museus, o planetário, a fonte. Esse processo de concessão obriga a realização de audiências públicas, precisa passar pela Câmara Municipal. Cada parque terá que ser aprovado individualmente”, ressalta. “Não tem como concordar com uma ideia dessas. Quero que o Doria me diga qual cidade do mundo privatizou suas áreas verdes no atacado como ele quer fazer?”.

O conselheiro do Parque de Vila Prudente, Osmar Lemes dos Santos, também é contra a proposta. “Vamos ficar à mercê do que o responsável quiser fazer no parque e não dá para confiar nessa história de que a Prefeitura vai fiscalizar, isso não acontece. Basta olhar os CDCs (Clubes da Comunidade, antigos CDMs) que foram entregues à administração indireta e só recebem reclamações”, afirma.

Também conselheiro do parque, Victor Gers é favorável à iniciativa da Prefeitura, desde que o aspecto ecológico não seja prejudicado. “O setor privado terá mais capacidade que o setor público em manter, revitalizar, reformar a área, mas a parte ambiental não pode ser afetada, pelo contrário, devem ser valorizadas”, comenta.

Morador do Jardim Avelino e ex-conselheiro do parque, José Corona apoia a intenção da Prefeitura. “É muito difícil acontecer benfeitorias no espaço, que está praticamente abandonado, com poucos funcionários. Certamente com uma empresa assumindo a responsabilidade, os serviços de manutenção, estruturação e o atendimento das demandas ocorrerão com mais agilidade. Mas, a comunidade deve ficar atenta para os critérios que serão estabelecidos, pois o parque é do povo”, afirma. (Gerson Rodrigues / Kátia Leite)