Carro-chefe da gestão Doria não foi implantado na região
Desde o início do mandato, o prefeito João Doria (PSDB) tem combatido as pichações na cidade. Além de ações que contaram com ele limpando pessoalmente equipamentos públicos, a principal medida foi a sanção da Lei 56/2005, que prevê multa de 5 mil para quem for pego em flagrante e R$ 10 mil se a pichação for em  patrimônio público ou bem tombado. Os valores podem dobrar em caso de reincidência. No entanto, na região, ainda não foi iniciada a recuperação dos equipamentos e nas Prefeituras Regionais não há previsão para a limpeza de locais vandalizados.

Um dos pontos públicos alvo de vandalismo é o muro do Cemitério São Pedro, na avenida Francisco Falconi, Jardim Avelino. Segundo vizinhos do equipamento, frequentemente há pichadores deixando suas marcas. “Já cheguei a acionar a Polícia Militar, mas quando chegaram os pichadores já haviam ido embora. Se realmente quiserem pegar esses infratores, basta permanecerem durante a madrugada”, comenta um comerciante do local que pediu sigilo do nome. “Esses muros são limpos apenas quando está chegando o Dia de Finados. Logo em seguida os pichadores voltam a agir”, completa.

Outro ponto que também foi alvo de vandalismo é o muro da entrada do Parque de Vila Prudente pela avenida Jacinto Menezes Palhares. Até a placa com o nome e o número do equipamento não foi poupada. Vizinhos contam que o local está assim há anos.

A Prefeitura Regional Vila Prudente informou que não há solicitações de reparos em muros municipais na Coordenadoria de Projetos e Obras, bem como não há notícias de pessoas que tenham sido presas em flagrante na região pela Guarda Civil Metropolitana ou pela Polícia Militar. Foi esclarecido ainda que a autuação ao infrator cabe quando devidamente identificado e que o órgão está focado em vistoriar e constatar possíveis infrações em equipamentos públicos, para as providências cabíveis quanto à limpeza.

A Prefeitura Regional Mooca também informou que nenhuma pessoa foi detida e não esclareceu nada sobre ações de limpeza dos locais pichados.

Edir Sales garante que está focada nas demandas locais

A vereadora Edir Sales (PSD) está iniciando o terceiro mandato na Câmara Municipal, onde foi eleita a segunda vice-presidente da Mesa Diretora e também está na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa, uma das mais importantes da Casa. Sempre atenta às questões da região, ela conta que já acionou os secretários municipais de Educação e Saúde, Alexandre Schneider e Wilson Pollara, sobre as obras atrasadas do Centro de Educação Unificado (CEU) Vila Prudente e da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Ema. Também garante que já expôs diretamente ao prefeito João Doria (PSDB) a necessidade de rever os traçados de ciclovias implantados em vários bairros locais na gestão passada.

Entre os seus principais projetos de lei pendentes na Câmara que pretende defender neste início de gestão, está o de 2012 que pede a instalação de banheiros químicos em áreas públicas. “Como o prefeito já manifestou bastante interesse nesta questão, acho que vai facilitar o diálogo com a equipe de governo e aqui na Câmara”, comenta Edir. Outra proposta de relevância para a vereadora é a de 2015, que propõe a vacinação em farmácias. “Não é que vai tirar da UBS, mas o problema é que nas unidades de saúde, a vacina demora para chegar e quando chega, acaba logo. Existe uma pesquisa do CRF (Conselho Regional de Farmácia), que eu represento na Câmara, apontando que 60% da população fica sem a vacina e nas clínicas a dose é muito cara, a maioria não consegue pagar. Então, esse projeto visa aumentar a disponibilidade da vacinação. É de um alcance muito grande. Não seria gratuito, só se houvesse a parceria com o Governo, mas de qualquer forma, além de aumentar a acessibilidade da oferta, também será uma concorrência para as clínicas, que pode acarretar preços mais competitivos”, explica.

Durante a entrevista na sede da FolhaVP, a vereadora falou ainda que considera demagogia barata a promessa de vereadores de doar parte do salário. Acompanhe a seguir.

Folha – A senhora já foi deputada duas vezes e agora está no terceiro mandato na Câmara. Acumula bastante experiência sobre o funcionamento dessas Casas parlamentares. Como a Câmara pode enxugar seus gastos e principalmente resolver a questão dos supersalários de funcionários, alguns deles maiores do que o vencimento do próprio prefeito?

Edir SalesNeste ano, nos trabalhos da Mesa Diretora, já estamos buscando formas de resolver o problema desses supersalários, inclusive recorrendo à Justiça. Vamos fazer uma reavaliação de todos esses casos. Também já iniciamos algumas mudanças, os motoristas, por exemplo, tinha dois vales refeição (para o almoço e janta), agora vão passar a ter um só. Também foi reduzida de 96 para 60 a quantidade de guardas civis metropolitanos na Casa – porque quando vão para lá, ganham o salário mais o adicional que acaba sendo maior que o salário e é pago pela Câmara. Nesse início de mandato já ocorreram esses cortes para economia. Também estamos desligando os funcionários acima de 65 anos, que têm a oportunidade de fazer acordo para a demissão voluntária. A expectativa de economia é grande com essas medidas e a nossa meta é devolver R$ 100 milhões para a Prefeitura no final de 2017. No ano passado devolvemos metade disso.

Folha – Outra recente polêmica envolvendo a Câmara foi a votação para o aumento dos próprios salários dos vereadores em mais de 26% no final do ano passado. A senhora fazia parte da Mesa Diretora, participou da discussão de colocar a questão em pauta, mas se ausentou da votação. O caso provocou enorme repercussão negativa na população, tanto que há vereadores prometendo doar a diferença salarial, caso a correção seja liberada pela Justiça. Como a senhora se posiciona nesta questão?
Edir Sales
Ficamos sem reajuste por oito anos, então, na verdade, agora não foi aumento, foi a correção que, mesmo assim, ficou abaixo da inflação. Entendo que por conta do momento, de grave crise econômica no país, virou uma situação bem delicada diante da sociedade e já esperávamos esse desgaste, eu mesma levantei esse problema durante a discussão da questão na Mesa Diretora e tanto que nem votei. Mas, como a próxima correção só poderia ocorrer em quatro anos, a Mesa avaliou e resolveu levar para votação, porque senão seriam 12 anos sem reajuste. É importante deixar isso claro: uma coisa é aumento, outra é a correção da inflação desse período. Agora, acho uma demagogia barata essa nova mania de prometer doar a diferença do salário para instituições, caso o reajuste realmente ocorra. Eu vivo desse salário, não posso sair doando, mas, como vereadora, tenho outras maneiras de ajudar as entidades e de forma muito mais efetiva do que prometer um valor que não vai passar de R$ 2 mil reais por mês. É importante deixar claro que vereadores são eleitos para legislar e fiscalizar o Executivo, mas somos muito procurados para auxiliar na área social. Então, se eu tenho um mandato e a oportunidade de ajudar as pessoas na hora em que elas mais precisam, por que eu negaria esse auxílio e orientação? Enfim, é muito mais do que sair prometendo que vai doar dinheiro. Tenho meu escritório há 17 anos no mesmo lugar da Vila Prudente (rua do Orfanato, 20). Eu mesmo atendo no escritório uma ou duas vezes por semana para evitar o deslocamento até a Câmara. É só agendar. Então, acho mesmo uma hipocrisia essa história de doar o salário.

Folha – Na região estamos enfrentando o atraso e a morosidade em diversas obras públicas, como a construção do CEU Vila Prudente e da UBS Vila Ema, ambas da Prefeitura. Até como parte da função de fiscalizar o Executivo, como a senhora pode ajudar nestas questões?

Edir Sales – Isso é um desperdício de verba inclusive. No caso da UBS, até gravamos um vídeo a última vez que fomos lá (no final do ano passado) porque havia risco de dengue com uma poça de água enorme dentro da obra. Agora está com matagal. Também é um antro para pessoas suspeitas que podem invadir o local, pois à noite fica abandonado. No primeiro mês de mandato, já fiz reuniões com os secretários de Saúde e de Educação para falar sobre essas obras. O Alexandre Schneider (Educação) acha que até a metade do ano está difícil reiniciar a obra do CEU, mas garantiu que fará o máximo possível. Ressaltei que vem causando muito problema na região, por causa dos equipamentos inutilizados dentro do Clube Escola, como o ginásio de esportes, as piscinas, a pista de caminhada, que eram bastante usadas pela comunidade. Depois cortaram a água e a iluminação. Enfim, o objetivo é afastar mesmo o usuário do espaço e falei para ele que isso é um absurdo. Estou sempre atenta para essas questões da região. Tenho uma pessoa no gabinete focada nos prazos para cobrar quando começam a ocorrer os atrasos. Inclusive, no início deste mandato, reiteramos as principais demandas que ficaram pendentes na gestão passada. Já reencaminhamos ofícios para CET, Ilume (Departamento de Iluminação Pública) e outros órgãos cobrando tudo que entendemos que é relevante. Por exemplo, estamos defendendo junto a CET a colocação de vagas de estacionamento a 45º na avenida Jacinto Menezes Palhares e na rua Pinheiros Guimarães.

Folha – Na época da implantação das ciclovias na gestão passada, a senhora trouxe uma equipe da CET na região e percorreu os trajetos com os técnicos e uma comissão de moradores, apontando trechos mal sinalizados e até possíveis falhas de projeto em pontos que geravam perigo tanto para ciclistas como para os motoristas. Com a mudança de gestão, a senhora vai insistir nessa questão?
Edir Sales –
Na primeira reunião em que tive oportunidade de estar com o (prefeito) Doria já discuti essa questão. Disse que na minha região existem algumas ciclovias inoperantes, não têm lógica de existir e nem passam ciclistas. Ressaltei que não sou contra essas faixas, mas precisam ser colocadas em locais apropriados. Obtive o compromisso dele de que a Prefeitura fará um replanejamento das ciclovias.

Sem sinalização, pedestres se arriscam na avenida Vila Ema

Em dezembro do ano passado foi finalizada a obra de drenagem realizada pela Prefeitura na avenida Vila Ema, entre as ruas Maria Fett e Herwis. O trecho, que é bastante movimentado, foi recapeado, mas, desde então, não foi realizada a sinalização viária, o que tem gerado perigo aos motoristas e pedestres que passam pela via.

Segundo o comerciante Antonio Geraldo Bueno, a falta de sincronia entre os órgãos da Prefeitura coloca em risco a vida das pessoas. “Já passaram três meses do término da obra e a sinalização ainda não foi feita pela CET. Esse trabalho deveria ter sido executado logo em seguida que a obra foi concluída. Enquanto não fazem nada os motoristas e pedestres são obrigados a se arriscarem, principalmente os mais idosos”, afirmou Bueno.

Outro comerciante que também está preocupado com a falta de sinalização é Roberto Sanches. “Todos os dias vejo as pessoas atravessarem correndo entre os carros e ônibus. A faixa de separação de pista e de pedestre precisam serem pintadas com urgência antes que ocorra algum acidente grave”, comentou.

A FolhaVP entrou em contato com a Companhia de Engenharia de Tráfego e questionou o motivo da via ainda não ter sido sinalizada e qual é a previsão para a realização do serviço, mas o órgão não se manifestou até o fechamento da edição.