Convidados pelo Movimento em Defesa dos Favelados (MDF) da região, representantes do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), das Ouvidorias das Polícias e da Defensoria Pública estiveram na tarde de sábado, dia 2, na Favela de Vila Prudente para realizar oitiva com os moradores sobre as últimas ações da Polícia Militar na comunidade. Durante o ato, realizado na Igreja São José Operário, com a participação de 80 pessoas, moradores relataram abusos e atitudes truculentas cometidas durante as incursões da Polícia Militar dentro da comunidade para combater a criminalidade e o tráfico de drogas.
O ouvidor-adjunto das Polícias de São Paulo, Walter Foster Júnior, destacou a importância das denúncias dos moradores. “A Ouvidoria só poderá ser acionada e cobrar providências através de relatos e de fatos”, disse. Convidado, o ex-deputado estadual Adriano Diogo, membro da Comissão da Memória e da Verdade da Prefeitura, também esteve presente na oitiva.
Conforma a Folha destacou com exclusividade na edição passada, houve relatos de que nos últimos 15 dias, diversas moradias tiveram suas portas e fechaduras quebradas com uso de pés de cabra e de alicates. Ainda conforme os depoimentos de moradores, policiais militares invadiram residências sem portar mandatos judiciais. Além de adultos, crianças e pessoas idosas terem sido intimidadas sob a mira de armas. Em algumas ocorrências, policiais colheram fotos de pessoas sem serem suspeitas de envolvimento com crimes.
“O que está acontecendo aqui na Favela de Vila Prudente não é um fato isolado, mas ocorre em várias cidades do Estado de São Paulo, sobretudo contra as comunidades empobrecidas”, afirmou o presidente do Condepe, Rildo Marques. Ele também é o coordenador geral do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH). “Vivemos uma situação no Brasil em que o sistema de justiça não dá guarita na defesa dos Direitos Humanos. E o pior: quem tem que produzir as provas contra os abusos é a sociedade e não o Estado”.
Ao final do ato, foi deliberado que será elaborado relatório com as denúncias, inclusive menções de abusos na Comunidade Jacaraípe e na COHAB Cintra Godinho. O documento será encaminhado em reunião conjunta com a Secretaria de Segurança Pública e o Comando do 21º Batalhão da Polícia Militar.
Comunidade protesta
Na edição passada, a Folha reportou que na tarde de 27 de junho moradores da Favela Vila Prudente realizaram grande protesto contra a violência da Polícia Militar e que travou o trânsito no viaduto Grande São Paulo e rua Dianópolis. De acordo com o 21º Batalhão, a manifestação foi motivada pela apreensão de drogas realizada na Favela de Vila Prudente no dia 23, quando um homem também acabou detido.
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