Muito se fala das condições da saúde pública na cidade de São Paulo, principalmente sobre a necessidade de novos profissionais para dar conta de uma demanda de atendimento que aumenta todos os dias. Infelizmente, algumas soluções dependem de investimentos, que estão escassos em tempos de crise, porém, existem outras que podem ser resolvidas com a criação de leis específicas. Além disso, analisando o cenário, percebi que uma peça-chave não estava sendo aproveitada como deveria: não falo de médicos ou enfermeiros, mas sim dos farmacêuticos.
É importante ressaltar que o CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia) atua por melhores e mais amplas condições de trabalho e, com a administração do atual presidente, Dr. Pedro Menegasso, a categoria vem somando diversas conquistas. Nesse sentido, o apoio do poder público também é importante para que essa luta ganhe ainda mais visibilidade.
Tramita na Câmara Municipal de São Paulo o Projeto de Lei 313/15, de minha autoria, que prevê a ampliação dos serviços farmacêuticos oferecidos em farmácias e drogarias do município. A inovação dessa proposta é a possibilidade de o farmacêutico auxiliar a saúde pública com a aplicação de vacinas, fazendo parte de campanhas nacionais de vacinação. Outra possibilidade que o projeto inova é a questão da aplicação de medicamentos injetáveis mediante prescrição médica.
Embora haja a Lei Federal 13.021/14, que autoriza os estabelecimentos farmacêuticos a aplicarem vacinas como a da gripe, por exemplo, a Legislação Estadual ainda não autoriza que tal procedimento seja realizado pelo profissional farmacêutico em farmácias e drogarias, o que facilitaria o acesso a esse serviço. Para se ter uma ideia da importância, a última Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe, promovida pelo Ministério da Saúde, não alcançou as metas previstas. Até o início do mês, apenas 65% do público-alvo da mobilização foi vacinado.
Outro projeto que apresentei em prol da categoria, que deve trazer benefícios para a conscientização da população foi o PL 312/2015, que institui a Semana do Uso Racional de Medicamentos. Orientar sobre o uso adequado dos remédios e os riscos da automedicação é uma das grandes atribuições dos farmacêuticos.
Para entender a importância desse profissional, é preciso perceber em que momento ele é importante dentro do sistema de saúde. A resposta é simples: em todos. Da mesma forma que um erro de cálculo de um engenheiro pode levar um projeto ao fracasso, uma dosagem errada de um medicamento pode trazer sérias consequências. Em cidades com as dimensões da capital paulista, os postos de saúde e hospitais podem ficar a quilômetros da população, além de receber todos os dias um grande número de pacientes. Em contrapartida, temos o farmacêutico que está sempre acessível para prestar um primeiro atendimento e, se necessário, encaminhar o paciente ao médico.
* Edir Sales é vereadora pelo PSD e vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Foi deputada estadual por dois mandatos.