“Estão vendendo a cidade para o mercado imobiliário. São Paulo tem que ficar em pé de guerra e não deixar essa proposta passar”, afirmou a senadora Marta Suplicy durante visita ao Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente, onde proferiu palestra na noite da última segunda-feira, dia 22. Ela se refere à nova Lei de Zoneamento, atualmente em fase de debate na Câmara Municipal. “É tudo absolutamente pensado com viés imobiliário”, critica.
A ex-prefeita atentou para o fato de zonas estritamente residenciais poderem se tornar preferencialmente residenciais. “É apenas uma palavrinha que faz imensa diferença. A região estará aberta para abrigar tudo”, explica. Na opinião da senadora, a situação é tão crítica que o Ministério Público deveria se opor à Lei de Zoneamento pela ausência de um estudo geotécnico. “Vão asfaltar lugar que não pode ser asfaltado”, ressalta.
A senadora alerta ainda sobre o perigo para áreas verdes, como parques e praças. “No zoneamento, querem liberar parte desses espaços para abrigar equipamentos municipais. É um perigo. Já fui prefeita e sei da dificuldade para encontrar lugar na cidade para uma nova creche ou escola e na hora do aperto, o futuro prefeito vai acabar recorrendo às áreas verdes. Mas, São Paulo não tem mais pulmão, cada pedacinho deve ser preservado”, respondeu ao ser questionada sobre a luta para implantação de parques na Mooca e na Vila Ema.
Durante a palestra e a entrevista que concedeu à Folha antes de falar com o público, a senadora evitou apresentar propostas para a cidade, como provável pré-candidata à Prefeitura no ano que vem. Sem partido desde que deixou o PT, Marta avisou que deve anunciar sua filiação em agosto. “Recebi convites de todos os partidos e o que tive mais afinidade foi o PSB. Gostaria muito de concorrer à Prefeitura, mas essa decisão ainda será avaliada”.
No entanto, ela não escapou de falar das ciclovias implantadas na gestão de Fernando Haddad (PT). “Ninguém pode ser contra ciclovias, mas ninguém com a cabeça sã pode ser favorável ao que está sendo feito em São Paulo”, ataca completando que “na administração do Haddad tudo é feito de forma açodada”. “Nova Iorque levou dez anos para ter seu modelo de ciclovia e aqui estão destruindo uma ideia que deveria ser implantada aos poucos”, sintetiza. Para a senadora, quem assumir a cidade terá que ouvir a comunidade e avaliar cada região que recebeu o projeto. “O que não pode é ficarem pintando a cidade sem planejamento. A impressão é que falaram: estamos indo mal, vamos fazer alguma coisa para mostrar serviço”, dispara.
Da mesma forma que não poupou o ex-colega de partido, Marta também foi contundente ao falar de Lula e da presidente Dilma Rousseff – mesmo ciente que terá o enorme desafio de enfrentar forte rejeição caso realmente concorra à Prefeitura: tanto de petistas, por sair do partido e virar crítica ferrenha, quanto de anti-petistas que ainda a identificam com o PT. “O jogo do Lula é criticar muito a Dilma, como se não tivesse nada a ver com ela. Como o governo da presidenta não tem possibilidade de melhora e enfrenta crises social, ética, política e econômica, ele está se distanciando da Dilma através dessas críticas que vem fazendo. Mas eu acho que a essa altura do não adianta mais, ele está completamente envolvido com a Dilma”.
E completou: “Não adianta acusarem que deixei o partido porque quero concorrer à Prefeitura. Se fosse por isso, teria feito em outras ocasiões, do próprio Haddad ou do Padilha (candidato do PT ao Governo do Estado no ano passado). Saí porque não tinha mais condições de ficar. Dei meu sangue pelo PT, mas não dava para fingir que acredito nessa mania de culpar o mundo pelos nossos problemas. Estamos enfrentando essa grave crise econômica pela falta de credibilidade do governo. A Petrobrás, além da roubalheira, perdeu muito mais dinheiro pela má gestão”.
o que esta mulher que foi conhecida como martaxa esta reclamando , foi do partido dos petralhas por anos e agora vem falar que e santa e eles são bandidos