O prefeito vai deixar de entregar o que prometeu não por falta de recursos, mas por má gestão. Me impressiona o hábito de Haddad terceirizar a responsabilidade.
Um dos problemas que mais afligem os paulistanos é a falta de creches. Não há lugar seguro para as mulheres deixarem seus filhos, principalmente aquelas que trabalham à noite, situação cada vez mais comum em uma cidade que funciona 24 horas por dia.
Fernando Haddad prometeu em sua campanha que entregaria 243 novas creches nos quatro anos de mandato. Na semana passada, porém, foi noticiado que mais essa promessa não será cumprida, e ficará limitada a 147 unidades.
Haddad apressou-se em dizer que a culpa não é dele. Jogou a responsabilidade para o PSDB, que teria barrado o aumento do IPTU, e para o governo do Estado, que não teria repassado dinheiro para as creches. É uma mentira dupla.
Obviamente o PSDB lutou contra essa elevação extorsiva do imposto. Vale lembrar que quem também entrou com ação judicial contra o IPTU foi o PMDB, partido da base de apoio do prefeito. Além disso, o governador Geraldo Alckmin destinou ao município R$ 80 milhões para a construção de 42 creches. Delas, 29 estão prontas e outras estão em construção. O saldo de recursos ainda não foi totalmente enviado ao município por uma simples razão: a Prefeitura encontra-se no Cadin, ou seja, está inadimplente junto ao governo Federal deste abril deste ano, o que a impede de receber estes repasses. Isso a Prefeitura não comenta.
O prefeito vai deixar de entregar o que prometeu não por falta de recursos, mas por má gestão. Me impressiona o hábito de Haddad terceirizar a responsabilidade. A educação foi sua principal bandeira de campanha, o que é natural para alguém que acabara de deixar o Ministério da Educação. Com esse discurso, conseguiu se eleger. E agora, em vez de se preocupar com as mães que não têm onde deixar os filhos, ele prefere culpar o PSDB.
Tramita na Câmara projeto de minha autoria que possibilita à Prefeitura instalar creches em locais que não possuem documentação, em regiões carentes e ocupação consolidada, à exceção de áreas verdes. Desde que haja especificações técnicas e de higiene adequadas e comprovação de segurança, a creche pode ficar nestas áreas que têm grande necessidade e poucas vagas.
Acredito que políticos precisam trabalhar assim, pensando no que pode ser feito para melhorar a vida dos cidadãos, se comprometer com aquilo que é viável e fundamentalmente só disputar cargos para os quais se está preparado a exercer.
* Andrea Matarazzo é vereador e líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo.