Ao longo dos últimos 20 anos venho dedicando a minha vida profissional como engenheiro da Subprefeitura Mooca, onde tive a oportunidade de desenvolver projetos e obras para a região que conheço e admiro. Não somente por sua importância histórica e econômica na cidade de São Paulo, mas também pela população com a qual convivo diariamente e que tem características especiais: os moradores são receptivos e autênticos, ao mesmo tempo exigentes e compreensivos. Isso nos faz trabalhar com mais determinação, pois acredito que o compromisso com as pessoas é o que existe de mais importante em uma administração pública.
Foi com esse desafio e com muito prazer que aceitei, em janeiro deste ano, ser o subprefeito da Mooca cuja jurisdição se estende, também, aos distritos do Belém, Pari, Brás, Tatuapé e Água Rasa.
Diferentemente do que acontece no primeiro ano de um novo governo, quando as obras são tímidas e as inovações não ocorrem, 2013 veio para mostrar que é possível vencer barreiras e atingir metas, com uma condição: correr contra o tempo. E é isso que estamos fazendo há 11 meses, seja em relação a novos projetos e serviços, seja na melhoria dos bairros.
Esse volume de trabalho tem uma linha condutora, pois não é fazer qualquer coisa que conta, mas sim o que efetivamente é necessário para melhorar a qualidade de vida. E para cada região mudam as necessidades. Pois com uma cidade tão grande, com 31 subprefeituras que possuem em média 350.000 habitantes e características, inclusive culturais tão diferentes, as ações necessárias para cada região também tem que ser diversas.
Qual a premência para nossos distritos, dentro do que é possível realizar pelas Subprefeituras? Com boa infra-estrutura, próxima ao centro da cidade, urbanização consolidada e rica em equipamentos públicos, a Subprefeitura Mooca precisa de quais intervenções?
Todos sabem que temos déficit histórico de cobertura vegetal, sendo um dos motivos o processo de industrialização que dizimou a vegetação e construiu quarteirões inteiros de galpões encostados uns aos outros, o que dificulta a circulação do ar. Esse processo resultou na seguinte situação: a Mooca é um dos distritos da cidade com baixa umidade relativa do ar, enquanto o Brás tem o menor índice de cobertura vegetal da capital. Nenhum dos seis distritos que compõe a subprefeitura tem 12 m² por habitante de áreas verdes, como aconselha a OMS- Organização Mundial de Saúde.
Está posto que é necessário revitalizar e ampliar as praças, canteiros, e instituir parques. Mais que isso, é preciso pensar a questão ambiental de maneira mais ampla. Como diminuir o lixo, reciclar adequadamente, despoluir o ar, rios e terrenos contaminados?
A Subprefeitura Mooca, em conjunto com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, fez a proposta e iniciou os trâmites necessários para a criação do Parque Municipal da Rua Cassandoca. Através do decreto 53.986, de junho deste ano publicado no Diário Oficial da Cidade, a área foi declarada de utilidade pública para desapropriação. No Tatuapé, existe projeto para outro Parque com 19.000m², onde atualmente fica a Praça Lions Clube da Penha.
Somente neste ano, 12 praças estão sendo reformadas ou já foram entregues. Entre elas estão a da Rua Dr. José Higino e a Clóvis Arthur Rodrigues. Também criamos canteiros verdes em locais onde só havia concreto, como a obra que estamos fazendo na Rua Bresser e ampliamos a arborização. Em relação ao lixo e à reciclagem não só implantamos o Programa Brás Limpo, que melhorou a coleta naquele distrito, como superamos as nossas próprias metas em relação ao número de EcoPontos- hoje são oito equipamentos em nosso território.
Na questão do sistema de drenagem, uma revolução: obras de grande porte como a do Largo São Rafael estão reconstruindo o sistema de drenagem defasado; várias reformas de galerias vão evitar entupimentos e melhorar a vazão das águas pluviais; ampliação dos elementos superficiais de captação da chuva vai evitar alagamentos. Para o próximo ano novas ações estão programadas.
Finalmente, gostaria de lembrar que a questão que deveria unir a todos, porque é em sua essência democrática, é a ambiental. Ela afeta igualmente as pessoas, independentemente de classe social, gênero ou localização geográfica. Quando despoluímos a cidade melhoramos a saúde, qualidade de vida e o conforto de toda população.
Mas para que possamos alcançar esse novo patamar de exigências e de melhorias para nosso país, a mudança tem que acontecer em cada um de nós de maneira concreta, perene, com novas atitudes.
Enfim, como nos ensinou Mahatma Gandhi: “Temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo”.
* Francisco Carlos Ricardo é Subprefeito da Mooca.