A falta de fiscalização eficaz das subprefeituras foi escancarada no final de agosto, quando uma obra irregular desabou e deixou dez mortos em São Mateus. Na ocasião, a Prefeitura prometeu intensificar a patrulha e divulgou listagem das construções embargadas em São Paulo, que segundo afirma a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, é atualizada semanalmente. Na última quarta-feira, dia 23, a reportagem da Folha foi conferir alguns dos endereços problemáticos apontados pela administração municipal na região e em dois deles, ambos na Mooca, constatou que a obra continuava normalmente.
O caso que mais chama atenção é o da construção de um edifício comercial de quatro andares no número 1.465 da rua do Oratório, que, aparentemente, já está perto do final, com os operários trabalhando no acabamento interior do imóvel. Ao tomarem conhecimento do embargo, os vizinhos da obra ficaram alarmados. “Como assim esse prédio está irregular? Estamos no coração da Mooca, do lado dos dois maiores hospitais do bairro. Toda hora passa um carro da subprefeitura na via e ninguém viu isso? Fico preocupado, já que não sei o motivo dessa obra estar embargada”, comenta um vizinho que quis se identificar apenas como Rogério.
O outro endereço onde, segundo a Prefeitura, a construção está irregular é uma residência na rua Agostinho Lattari. No momento em que a reportagem passou pelo local, pedreiros trabalhavam no imóvel, cuja frente tinha um monte de areia na calçada e uma caçamba na sarjeta. “Se a Subprefeitura não fiscaliza nem o fato de passeio estar bloqueado há semanas, imagina se vão saber que a obra está irregular”, ironizou uma vizinha que prefere não se identificar.
A Subprefeitura Mooca confirmou que as obras estão mesmo embargadas. O órgão ressaltou ainda que já foram aplicadas multas aos proprietários e como a ordem de paralisação dos serviços não foi respeitada, os dois casos foram encaminhados à Polícia Civil para a abertura de inquérito policial.