O Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), popularmente conhecido por Museu do Ipiranga, foi interditado no sábado, dia 3 – praticamente um mês antes do feriado de 7 de setembro. Um comunicado repentino da diretoria do museu anunciou que as instalações oferecem riscos aos visitantes, funcionários e também para o rico acervo composto por mais de 150 mil peças. Não há previsão para reabertura do prédio histórico, considerado Monumento Nacional.
Visitantes do Museu já vinham se deparando com enormes rachaduras e queda de reboco. Um dos salões estava inclusive interditado desde que o forro cedeu dez centímetros. Segundo a nota divulgada à imprensa, o restauro do prédio datado de 1893 já estava previsto, com investimentos de R$ 21 milhões, mas, vistorias técnicas encerradas no último dia 2, exigiram a aceleração no calendário de fechamento. O comunicado ressalta que a medida é necessária “para garantir a incolumidade dos visitantes e servidores, bem como a proteção física do acervo”.
A nota, assinada pela diretora do Museu, Sheila Walbe Ornstein, explica ainda que em razão de ter sido edificado no século XIX, com técnicas construtivas pouco conhecidas na atualidade, o processo está exigindo diagnósticos e projetos de alta especialização. Em entrevista publicada no Jornal da USP há dois meses, Sheila argumentou que boa parte dos problemas estruturais do prédio foram causados pelo uso, desde 1940, do subsolo como área expositiva. De acordo com ela, no projeto original, o subsolo do prédio estava destinado apenas para ventilação e saída de umidade. Mas, a diretora defende que “é necessário e comum que museus instalados em prédios históricos fechem parcial ou totalmente para restauro e modernizações”.
No entanto, o fechamento repentino desapontou os visitantes, principalmente os turistas que estão na cidade. O casal Julio e Paula Santos, de Manaus, veio pela primeira vez a São Paulo e conhecer o Museu do Ipiranga era um dos objetivos. “Sou professora do ensino fundamental e sempre vejo o interior do Museu pelos livros de História. É um sonho apreciar tudo pessoalmente e fiquei muito frustrada ao saber da interdição. Mesmo assim, quis vir até aqui, para ao menos tirar uma foto na frente do prédio e neste jardim tão belo”, comentou Paula na manhã da última terça-feira, dia 6.
Museus de Zoologia e da Imigração também não recebem público desde 2011
Vizinho ao Museu do Ipiranga, o Museu de Zoologia da USP, na avenida Nazaré, também está fechado para visitação desde o segundo semestre de 2011. O prédio recebe intervenção completa no telhado, reforma nas instalações elétricas, adequações nos serviços da rede de internet, readequação de mobiliário e das instalações físicas nas salas que abrigam coleções científicas.
Questionada pela Folha nesta semana, a chefia técnica do Museu ressaltou que todas as intervenções eram necessárias para atender a demanda das crescentes coleções, que hoje somam cerca de 10 milhões de exemplares, além de melhorar o atendimento aos visitantes.
A previsão de reabertura ao público é no início de 2014. No entanto, o Museu de Zoologia deixará o Ipiranga quando for concluída a construção de um novo prédio dentro da cidade universitária, no Butantã.
Museu da Imigração
O histórico prédio na Mooca que serviu de hospedaria para os primeiros imigrantes que chegaram ao estado paulista e foi transformado em Museu da Imigração também está fechado desde 2011. O imóvel está passando pelo primeiro processo de restauração completo desde a conclusão do edifício em 1887.
De acordo com a assessoria do Museu, as obras também contemplam a modernização do prédio, com implantação das instalações elétrica, hidráulica e central de ar-condicionado, sistema de drenagem e captação de águas pluviais, paisagismo, contenção de enchentes e equipamentos de acessibilidade. Não foi divulgado prazo para reabertura.