Inconformados com o fechamento do Hospital Local Sapopemba, conhecido como Sapopembinha, que fica na rua Iamacaru, cerca de 150 pessoas se reuniram na frente da unidade na manhã desta terça-feira, dia 30, para expressarem a revolta com a paralisação das atividades. Desativado desde 21 de janeiro deste ano, com a justificativa da Secretaria Estadual de Saúde de que passaria por reforma estrutural e no segundo semestre voltaria a atender a população, o hospital segue fechado e sem indícios de início de obras.
Por conta do descaso do poder público, lideranças comunitárias da região se reuniram e criaram o movimento “Acorda Sapopemba”, o qual foi o responsável pela organização da manifestação nesta terça-feira. “Como as ações já realizadas para cobrar uma atitude das autoridades para reativar a unidade não surtiram efeito, várias lideranças da região resolveram unir forças e criamos este movimento, que visa chamar a atenção sobre a importância do funcionamento deste hospital. Agora eles (autoridades) terão que nos ouvir”, declarou o líder comunitário Jucimar Tenório, conhecido como Palmeira, que é um dos organizadores do movimento.
Durante toda a manhã os manifestantes permaneceram em frente ao prédio do hospital com placas e faixas e gritando expressões de protestos contra o fechamento da unidade. Por volta das 12h, o grupo saiu em caminhada por ruas da região e chegaram a fechar, por alguns minutos, as avenidas Sapopemba e Anhaia Mello. A manifestação foi pacífica e não foi registrada nenhuma ocorrência, segundo o 19º Batalhão de Polícia Militar/Metropolitano.
Durante o protesto muitos “ex-usuários” do equipamento deram declarações sobre a importância do hospital para a região. “Meus filhos, um de 8 e o outro de 4 anos, faziam acompanhamento com alergista. Um determinado dia, quando vim para a consulta marcada, me deparei com as portas fechadas. Não fui avisado do fechamento e, desde então, meus filhos estão sem atendimento. Nesse período eles já tiveram algumas crises e precisei correr para o hospital estadual de Vila Alpina, que fica muito longe de onde moro”, comentou Tiago Simões, 32 anos.
Para o líder comunitário José Amaro da Silva Capoeira, no momento, a luta é para que estipulem uma data para o início das obras. “Quando nos reunimos com os responsáveis pelo hospital dizem que passará por reforma, mas quando isso irá ocorrer? O tempo passa e a população cada vez mais necessita do atendimento. É preciso que estipulem uma data e cumpram com o prometido”, declarou.
Unidade está abandonada
A reportagem da Folha conseguiu ter acesso às dependências do hospital e constatou o estado de abandono do prédio. Salas vazias estão sujas, equipamentos estão inutilizados e muitas macas estão espalhadas pelos corredores. “É um grande desperdício ver o local nesse estado. Poderia estar ajudando muitas pessoas”, afirmou o líder comunitário Ezequiel Guimarães.
Inaugurado em dezembro de 2005 pelo Governo do Estado, na gestão de Geraldo Alckmin, o hospital, que atendia cerca de 450 pacientes por mês, foi concebido com a proposta de servir como novo modelo de atendimento hospitalar, pois foi um projeto de custo menor, embora bem equipado e capaz de realizar pequenas cirurgias. O Sapopembinha era um hospital de pequeno porte, com 35 leitos e sem pronto-socorro, que recebia pacientes encaminhados pela central de regulação de vagas, a maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região. A unidade atendia as especialidades de cardiologia, ortopedia, dermatologia, alergologia, endocrinologia, neurologia, e contava com uma clínica de terapia da dor e um ambulatório pediátrico. No local eram realizados ainda Ultrassonografias e Raios-X.
A Folha entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde e aguarda um posicionamento.