Na noite de quarta-feira, dia 8, aconteceu na sede da Associação Comercial – Distrital Mooca, reunião para discutir a situação do histórico prédio no número 59 da rua João Antonio de Oliveira – que por mais de 70 anos abrigou funções sociais e educacionais, entre elas, a creche Marina Crespi. No entanto, o encontro, que contou com a presença do diretor responsável pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Município (DPH), Walter Pires, não trouxe novidade ao caso. O antigo imóvel, apesar de estar em processo de tombamento, continua invadido por famílias que fazem, inclusive, modificações na edificação.
Devido ao valor histórico e arquitetônico, o imóvel virou objeto de um processo de tombamento aberto pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP). Desde 1º de julho, quando o processo foi publicado no Diário Oficial, a edificação não poderia passar por qualquer tipo de reparo, nem mesmo de manutenção.
Para Walter Pires, a situação do imóvel é preocupante, mas como a área é particular, ele explica que os trâmites são mais complicados. “Assim que fomos comunicados sobre o início da destruição do prédio, em menos de 48 horas, organizamos uma avaliação emergencial e conseguimos a preservação provisória com a abertura do processo. Esse local tem muito valor na paisagem, na arquitetura e na história da Mooca”, justifica Pires.
De acordo com o diretor do DPH, como o imóvel é privado, a proprietária (Fundação Ninho Jardim Condessa Marina Crespi) deveria zelar pelo espaço, mas ela reconhece que a entidade atravessa dificuldades financeiras e na última reunião do CONPRESP, alegou que não possui condições de manter o local.
“Na próxima reunião do Conselho vamos estudar alternativas para a destinação do local, como uma parceria com entidades ou com o clube Juventus que demonstrou certo interesse em utilizar o espaço”, comenta Pires. Outra alternativa para salvar o imóvel é a desapropriação pela Prefeitura – quando o poder municipal compra a área e a torna de utilidade pública. “Há indícios de que a Secretaria Municipal de Cultura é favorável a essa opção por conta do valor histórico do prédio. Mas antes vamos estudar outras propostas”, conclui.
Outro lado
A responsável pela Fundação conversou na manhã do dia 9 com a reportagem da Folha e informou que já conseguiu uma liminar de reintegração de posse e, agora, aguarda apenas a disponibilidade de um oficial de justiça para remover as famílias do imóvel e retomar a área. “Estamos aguardando os caminhos legais da Justiça. Assim que o prédio for esvaziado, vamos erguer muros, fechar as entradas e manter seguranças no local. Depois disso estudaremos o que fazer”, prometeu.
Marina Crespi: Proprietária de imóvel invadido busca reintegração de posse na Justiça